‘A Cara do Brasil’: série passa pelo Maranhão em busca dos consensos possíveis em tempo de polarização
Série mostra a história de um coreógrafo e uma síndica que se consideram de campos políticos diferentes, mas que tem outras coisas em comum. Série "A cara do Brasil" desembarca no Maranhão Na tela do celular, é só abrir qualquer rede social e comprovar: nós estamos vivendo tempos de intolerância máxima. Divergir, pensar de forma diferente, pode ser a senha para ataques, para insultos. Mas uma equipe de colegas da GloboNews percorreu o país para investigar se essa polarização ideológica tornou impossível a convivência entre os brasileiros que têm opiniões divergentes. E o Jornal Nacional apresenta um resumo desse trabalho. Veja na segunda reportagem da série do Nilson Klava, do Henrique Picarelli, do Diogo André e do Rafael Norton. A segunda parada da série “A Cara do Brasil" foi no Maranhão. Em São Luís, conhecemos o Egnaldo e a Nara. O que une as histórias de um coreógrafo e uma síndica? Nilson Klava, repórter: É aqui que você trabalha? Nara Nunes, síndica profissional: Aqui eu já estou há um ano nesse condomínio administrando. Repórter: E é uma vida muito corrida? Nara: É. Como síndica é. Que não é fácil ser síndico. Porque assim, o síndico profissional, ele nunca agrada todos os moradores. Querendo ou não, parte para a política. Agrada um, não agrada o outro. Às vezes tem aquela oposição que quer o derrubar o síndico. Teve uma situação que eu vi o meu nome pichado: “Fora, Nara”. Na periferia de São Luís, a equipe encontrou o coreógrafo e dançarino Egnaldo Gomes. A dança transformou a vida dele e, hoje, é profissão. Repórter: Como a dança entra na sua vida? Egnaldo Gomes, coreógrafo e dançarino: Era um projeto do Centro de Cultura Negra, que é um órgão que trabalha as causas do negro. Repórter: Qual a importância de projetos como esse, de movimentos como esse, que reforcem a questão da representatividade na sua avaliação, até do ponto de vista político? Egnaldo: Eu vejo que é de extrema importância. Porque, principalmente, por estar em bairro periférico, onde a maioria da população é de pessoas pretas. Então, ter um movimento dentro de uma comunidade, dentro de um bairro, que resgata esses valores, que resgata a autoestima... Porque se trabalhava muito sobre isso, sobre valores, sobre autoestima, sobre a beleza. Teve um período, um momento de muita violência. Hoje em dia, já diminuiu bastante também com a presença de postos policiais. Repórter: Quando a gente fala se segurança pública, qual a sua avaliação, qual o caminho que você vê como solução? Porque é um problema que está assolando todo mundo. Egnaldo: Eu acho que é investimento, principalmente, em educação. Quanto menos crianças na ruas, quanto menos jovens nas drogas, quanto menos pessoas em vulnerabilidade social, menos pessoas nós vamos ter na criminalidade. Nara: Tinha que ser mais rígida, mais policiamento. Eu já tive situações no meu apartamento que o ladrão já entrou três vezes. Eu tive que botar grade. Aí levou notebook, levou celular. Repórter: Você se considera hoje mais de esquerda, mais de direita, qual a sua posição? Egnaldo: Esquerda. Total. Mais de esquerda. Nara: Considero direita. Mais essa questão da educação. Me pegou muito, porque a minha filha estuda no colégio militar. Tu sabe que é uma coisa rígida. Então, querendo ou não, a direita presa muito pela rigidez. E isso me identifico muito. Porque, querendo ou não, eu sou bastante rígida. Repórter: Por exemplo, o casamento de pessoas do mesmo sexo. Como você observa isso tudo? Nara: Assim, é aquela questão, a gente tem que respeitar. Respeitando, mas tendo uma outra visão. Repórter: Por que você vê essa resistência ainda? Egnaldo: Por muito tempo, nós tínhamos apenas um modelo de família, que era o homem, a mulher e os filhos. Então, isso se firmou como o que era correto, o que tinha que ser. Porém, nós vamos evoluindo e vai se sentindo a necessidade de se desconstruir isso, alguém que não se identifica com esse modelo. Nara: Eu sou a filha caçula. Meu pai era terceiro sargento da Polícia Militar do Maranhão e tenho dois irmãos. A união é a base de tudo para uma família andar cada vez melhor. Repórter: E o que é família para você? Egnaldo: Família é onde a gente se sente bem, a gente se sente abraçado, aconchegado, é o lugar onde a gente se sente seguro. Série mostra a história de um coreógrafo e uma síndica que se consideram de campos políticos diferentes, mas que tem outras coisas em comum Jornal Nacional/ Reprodução Nara e Egnaldo se conhecem. “A gente vai aprendendo. Nada como o diálogo para a gente tentar entender. Não podemos julgar , diz Nara. “Eu sabia até onde eu poderia chegar e ela também sabia. Então, a gente sempre manteve as conversas dentro de um limite de respeito. Quando eu me coloco no lugar do outro, quando eu tenho empatia, eu tenho humanidade, eu assumo um pouco aquele lugar, e aí eu experimento. E aí todas as outras coisas, elas não acontecem, né? O julgamento”, diz Egnaldo. Repórter: E o que une o Brasil? Nara: O que une mesmo é o respeito. Egnaldo:
Série mostra a história de um coreógrafo e uma síndica que se consideram de campos políticos diferentes, mas que tem outras coisas em comum. Série "A cara do Brasil" desembarca no Maranhão Na tela do celular, é só abrir qualquer rede social e comprovar: nós estamos vivendo tempos de intolerância máxima. Divergir, pensar de forma diferente, pode ser a senha para ataques, para insultos. Mas uma equipe de colegas da GloboNews percorreu o país para investigar se essa polarização ideológica tornou impossível a convivência entre os brasileiros que têm opiniões divergentes. E o Jornal Nacional apresenta um resumo desse trabalho. Veja na segunda reportagem da série do Nilson Klava, do Henrique Picarelli, do Diogo André e do Rafael Norton. A segunda parada da série “A Cara do Brasil" foi no Maranhão. Em São Luís, conhecemos o Egnaldo e a Nara. O que une as histórias de um coreógrafo e uma síndica? Nilson Klava, repórter: É aqui que você trabalha? Nara Nunes, síndica profissional: Aqui eu já estou há um ano nesse condomínio administrando. Repórter: E é uma vida muito corrida? Nara: É. Como síndica é. Que não é fácil ser síndico. Porque assim, o síndico profissional, ele nunca agrada todos os moradores. Querendo ou não, parte para a política. Agrada um, não agrada o outro. Às vezes tem aquela oposição que quer o derrubar o síndico. Teve uma situação que eu vi o meu nome pichado: “Fora, Nara”. Na periferia de São Luís, a equipe encontrou o coreógrafo e dançarino Egnaldo Gomes. A dança transformou a vida dele e, hoje, é profissão. Repórter: Como a dança entra na sua vida? Egnaldo Gomes, coreógrafo e dançarino: Era um projeto do Centro de Cultura Negra, que é um órgão que trabalha as causas do negro. Repórter: Qual a importância de projetos como esse, de movimentos como esse, que reforcem a questão da representatividade na sua avaliação, até do ponto de vista político? Egnaldo: Eu vejo que é de extrema importância. Porque, principalmente, por estar em bairro periférico, onde a maioria da população é de pessoas pretas. Então, ter um movimento dentro de uma comunidade, dentro de um bairro, que resgata esses valores, que resgata a autoestima... Porque se trabalhava muito sobre isso, sobre valores, sobre autoestima, sobre a beleza. Teve um período, um momento de muita violência. Hoje em dia, já diminuiu bastante também com a presença de postos policiais. Repórter: Quando a gente fala se segurança pública, qual a sua avaliação, qual o caminho que você vê como solução? Porque é um problema que está assolando todo mundo. Egnaldo: Eu acho que é investimento, principalmente, em educação. Quanto menos crianças na ruas, quanto menos jovens nas drogas, quanto menos pessoas em vulnerabilidade social, menos pessoas nós vamos ter na criminalidade. Nara: Tinha que ser mais rígida, mais policiamento. Eu já tive situações no meu apartamento que o ladrão já entrou três vezes. Eu tive que botar grade. Aí levou notebook, levou celular. Repórter: Você se considera hoje mais de esquerda, mais de direita, qual a sua posição? Egnaldo: Esquerda. Total. Mais de esquerda. Nara: Considero direita. Mais essa questão da educação. Me pegou muito, porque a minha filha estuda no colégio militar. Tu sabe que é uma coisa rígida. Então, querendo ou não, a direita presa muito pela rigidez. E isso me identifico muito. Porque, querendo ou não, eu sou bastante rígida. Repórter: Por exemplo, o casamento de pessoas do mesmo sexo. Como você observa isso tudo? Nara: Assim, é aquela questão, a gente tem que respeitar. Respeitando, mas tendo uma outra visão. Repórter: Por que você vê essa resistência ainda? Egnaldo: Por muito tempo, nós tínhamos apenas um modelo de família, que era o homem, a mulher e os filhos. Então, isso se firmou como o que era correto, o que tinha que ser. Porém, nós vamos evoluindo e vai se sentindo a necessidade de se desconstruir isso, alguém que não se identifica com esse modelo. Nara: Eu sou a filha caçula. Meu pai era terceiro sargento da Polícia Militar do Maranhão e tenho dois irmãos. A união é a base de tudo para uma família andar cada vez melhor. Repórter: E o que é família para você? Egnaldo: Família é onde a gente se sente bem, a gente se sente abraçado, aconchegado, é o lugar onde a gente se sente seguro. Série mostra a história de um coreógrafo e uma síndica que se consideram de campos políticos diferentes, mas que tem outras coisas em comum Jornal Nacional/ Reprodução Nara e Egnaldo se conhecem. “A gente vai aprendendo. Nada como o diálogo para a gente tentar entender. Não podemos julgar , diz Nara. “Eu sabia até onde eu poderia chegar e ela também sabia. Então, a gente sempre manteve as conversas dentro de um limite de respeito. Quando eu me coloco no lugar do outro, quando eu tenho empatia, eu tenho humanidade, eu assumo um pouco aquele lugar, e aí eu experimento. E aí todas as outras coisas, elas não acontecem, né? O julgamento”, diz Egnaldo. Repórter: E o que une o Brasil? Nara: O que une mesmo é o respeito. Egnaldo: Eu creio que seja a alegria. Nós somos um povo muito forte, muito resiliente. Eu acho que a resiliência une o Brasil. SÉRIE A CARA DO BRASIL Série de reportagens ouve brasileiros de diferentes posições políticas para entender como é a convivência entre eles