Dólar blue sobe 10% e títulos em queda de 12%: mercado argentino mostra primeiros efeitos da vitória de Milei
São muitas as promessas polêmicas do candidato nas mais variadas esferas, mas, na economia, destacam-se a adoção do dólar como moeda oficial do país e o fechamento do Banco Central argentino. Javier Milei, candidato à presidência da Argentina, comemora com políticos aliados em evento na cidade de Buenos Aires em 13 de agosto de 2023 Stringer/REUTERS O candidato oposicionista de extrema direita Javier Milei surpreendeu e foi o mais votado nas eleições primárias da Argentina, realizadas neste domingo (13). As propostas econômicas, que podem botar fogo na política monetária argentina, adicionaram incerteza ao cenário eleitoral e preocupam o mercado financeiro. São muitas as promessas polêmicas do candidato nas mais variadas esferas, mas, na economia, destacam-se a adoção do dólar como moeda oficial do país e o fechamento do Banco Central argentino. O impacto começou nesta segunda-feira (14) com o chamado "pré-mercado" de Wall Street, que mostrou os títulos argentinos caindo até 12%. O dólar blue, conhecido como câmbio paralelo da Argentina, que havia fechado em 605 pesos na sexta-feira, antes das eleições, abriu o dia na casa dos 670 pesos, em alta de cerca de 10%. Essa é uma nova mínima histórica do dólar paralelo, que havia chegado a 610 na quinta-feira passada. Além disso, o banco central da Argentina desvalorizou nesta segunda-feira o peso em quase 18% e fixou a taxa de câmbio oficial em 350 pesos por dólar, segundo a agência Reuters. A fonte disse ainda que o câmbio será fixado nessa taxa até a votação presidencial de outubro. A autoridade monetária decidiu também elevar a taxa básica de juros em 21 pontos básicos, para 118% ao ano. Por fim, o mercado de ações da Argentina caía com força no início dos negócios desta segunda-feira devido às vendas de urgência após o resultado das primárias. O principal índice de ações S&P Merval .MERV caía 3,5%, para 463.471 pontos. O cenário já era de completa incerteza, mas a vitória de Milei nas prévias adicionou fervura à sucessão argentina. "Não deixem que me culpem pelo problema do dólar", disse Milei ao jornal El Clarín. O candidato afirmou ainda que sua proposta de dolarização é feita para pessoas que entendem de teoria monetária e "não para burros". Milei comentou ainda que não terá problemas em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), pois seu programa econômico tem um "ajuste mais profundo" do que o proposto pelo órgão. A Argentina tem um empréstimo em aberto de US$ 44 bilhões (R$ 210 bilhões) com o FMI, e passou por vários episódios de dificuldade de arcar com os vencimentos. Neste ano, o país vem sofrendo a pior seca no país em quase um século, o que trouxe impactos negativos para o setor agropecuário, sua principal fonte de divisas. O crédito foi contraído em 2018 durante a gestão de Mauricio Macri (2015-2019). Quem é Javier Milei: candidato da extrema direita que lidera primárias na Argentina Eleições argentinas As primárias na Argentina são uma votação obrigatória para definir os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais, que acontecem em outubro. Por lei, todos os partidos são obrigados a fazer prévias — mesmo que haja um único candidato e isso seja só uma formalidade —, e todas as frentes políticas passam pelas primárias no mesmo dia. Segundo o jornal "Clarín", Milei, da chapa "A Liberdade Avança", se apresentava — e era visto assim — como um personagem que vinha de fora para combater as más práticas da política. A votação final ocorre em 22 de outubro.
São muitas as promessas polêmicas do candidato nas mais variadas esferas, mas, na economia, destacam-se a adoção do dólar como moeda oficial do país e o fechamento do Banco Central argentino. Javier Milei, candidato à presidência da Argentina, comemora com políticos aliados em evento na cidade de Buenos Aires em 13 de agosto de 2023 Stringer/REUTERS O candidato oposicionista de extrema direita Javier Milei surpreendeu e foi o mais votado nas eleições primárias da Argentina, realizadas neste domingo (13). As propostas econômicas, que podem botar fogo na política monetária argentina, adicionaram incerteza ao cenário eleitoral e preocupam o mercado financeiro. São muitas as promessas polêmicas do candidato nas mais variadas esferas, mas, na economia, destacam-se a adoção do dólar como moeda oficial do país e o fechamento do Banco Central argentino. O impacto começou nesta segunda-feira (14) com o chamado "pré-mercado" de Wall Street, que mostrou os títulos argentinos caindo até 12%. O dólar blue, conhecido como câmbio paralelo da Argentina, que havia fechado em 605 pesos na sexta-feira, antes das eleições, abriu o dia na casa dos 670 pesos, em alta de cerca de 10%. Essa é uma nova mínima histórica do dólar paralelo, que havia chegado a 610 na quinta-feira passada. Além disso, o banco central da Argentina desvalorizou nesta segunda-feira o peso em quase 18% e fixou a taxa de câmbio oficial em 350 pesos por dólar, segundo a agência Reuters. A fonte disse ainda que o câmbio será fixado nessa taxa até a votação presidencial de outubro. A autoridade monetária decidiu também elevar a taxa básica de juros em 21 pontos básicos, para 118% ao ano. Por fim, o mercado de ações da Argentina caía com força no início dos negócios desta segunda-feira devido às vendas de urgência após o resultado das primárias. O principal índice de ações S&P Merval .MERV caía 3,5%, para 463.471 pontos. O cenário já era de completa incerteza, mas a vitória de Milei nas prévias adicionou fervura à sucessão argentina. "Não deixem que me culpem pelo problema do dólar", disse Milei ao jornal El Clarín. O candidato afirmou ainda que sua proposta de dolarização é feita para pessoas que entendem de teoria monetária e "não para burros". Milei comentou ainda que não terá problemas em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), pois seu programa econômico tem um "ajuste mais profundo" do que o proposto pelo órgão. A Argentina tem um empréstimo em aberto de US$ 44 bilhões (R$ 210 bilhões) com o FMI, e passou por vários episódios de dificuldade de arcar com os vencimentos. Neste ano, o país vem sofrendo a pior seca no país em quase um século, o que trouxe impactos negativos para o setor agropecuário, sua principal fonte de divisas. O crédito foi contraído em 2018 durante a gestão de Mauricio Macri (2015-2019). Quem é Javier Milei: candidato da extrema direita que lidera primárias na Argentina Eleições argentinas As primárias na Argentina são uma votação obrigatória para definir os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais, que acontecem em outubro. Por lei, todos os partidos são obrigados a fazer prévias — mesmo que haja um único candidato e isso seja só uma formalidade —, e todas as frentes políticas passam pelas primárias no mesmo dia. Segundo o jornal "Clarín", Milei, da chapa "A Liberdade Avança", se apresentava — e era visto assim — como um personagem que vinha de fora para combater as más práticas da política. A votação final ocorre em 22 de outubro.