Queda relevante de juros futuros abre espaço para corte da Selic à frente, diz Campos Neto

Presidente do BC ressaltou, contudo, que autarquia precisa agir com 'parcimônia' e que as taxas não podem ser baixadas de forma artificia. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira (12) que a curva futura de juros tem tido uma "queda relevante" no Brasil e indicou, sem especificar o momento, que isso abre espaço para corte na taxa básica Selic à frente. "A curva de juros futuros tem tido queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente", disse Campos Neto. Ele ressaltou, contudo, que o Banco Central precisa agir com "parcimônia" e que os juros não podem ser baixados de forma artificial, sob o risco de não se alcançar o resultado almejado. Os comentários do presidente do BC foram feitos em um evento do setor do varejo em São Paulo e aumentam as expectativas pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece na próxima semana. Os agentes do mercado também têm reduzido os prêmios embutidos na curva de juros brasileira, na esteira dos dados mais recentes de inflação e do otimismo em torno do andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso. Atualmente, a precificação na curva do mercado de juros futuros tem indicado que o BC deve começar a cortar a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, em agosto, em magnitude de 0,25 ponto percentual. Em sua fala, Campos Neto disse que o mercado tem reagido bem ao arcabouço fiscal do governo, com queda de juros futuros e câmbio "andando na direção certa". Ele também pontuou que o país provavelmente terá deflação em junho, mas depois o indicador de preços deve subir, fazendo com que a inflação fique entre 4,5% e 5% em 2023. "As inflações de mercado ainda estão acima da meta, mas estão caindo", afirmou. Ao mesmo tempo, Campos Neto voltou a afirmar que os núcleos de inflação, que desconsideram preços mais voláteis, no Brasil seguem elevados. Ao mostrar gráficos com dados de vários países, Campos Neto defendeu que os núcleos de inflação são a "parte mais preocupante" do atual cenário. "O núcleo de inflação subiu muito, mas está caindo muito lentamente, em especial na América Latina", disse o presidente do BC. "Vemos lugares onde temos inflação de núcleo rodando ainda muito alto, como Chile e Brasil", acrescentou. Campos Neto também citou o impulso dado pela pandemia de Covid-19 à inflação no setor de energia, em função do aumento da produção de bens. Segundo ele, neste aspecto o Brasil apresentou uma melhora por conta da incidência de chuvas. "Estamos com bandeira verde", lembrou, em referência ao sistema de bandeiras em vigor no Brasil, que encarece a energia em momentos de seca. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá na terça e quarta-feira da próxima semana, e a aposta predominante no mercado é de manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Crédito A uma plateia com alguns dos maiores empresários do varejo do país, Campos Neto também fez uma defesa do atual cenário de crédito. Segundo ele, "apesar de os juros no Brasil serem altos, a desaceleração de crédito é bem menor que no resto do mundo". O presidente do BC voltou a afirmar que a estimativa é de crescimento de 8% do crédito em 2023, após alta de 13,5% em 2022. "Em empresas, a desaceleração de crédito no Brasil está menor que em grande parte do mundo", disse aos empresários. Durante o evento, Campos Neto também foi questionado a respeito do custo para rolagem de dívidas hoje no país, visto por alguns participantes do evento como uma consequência do atual nível da Selic. Em resposta, Campos Neto argumentou que o corte da Selic sem que haja condições para isso pode ter efeitos negativos. "Se a Selic cai sem credibilidade, não vai diminuir o custo de rolagem de crédito de vocês (empresários), vai aumentar", afirmou. "Precisamos cair a Selic com credibilidade." Campos Neto disse ainda que estudos mostram que a inflação é mais negativa para o varejo do que a própria alta de juros. "Se juros é ruim para varejo, inflação é muito pior", disse. "Eu entendo insatisfação com juros, mas nosso mandato é fazer a inflação convergir", acrescentou. Para Campos Neto, cortar os juros de forma artificial não trará os resultados esperados. "Decisão de juros é de colegiado. O debate é bastante técnico", completou. Crescimento Campos Neto também pontuou que a expectativa de crescimento para a China, que era "muito alta", foi arrefecendo. No caso da zona do euro, ele pontuou que houve uma reprecificação recente em relação ao crescimento. "Os dados da economia americana têm saído bem mais fortes, principalmente na parte de empregos", acrescentou, lembrando ainda que, no caso do Brasil, as revisões têm sido no sentido de uma alta maior para o Produto Interno Bruto (PIB).

Queda relevante de juros futuros abre espaço para corte da Selic à frente, diz Campos Neto

Presidente do BC ressaltou, contudo, que autarquia precisa agir com 'parcimônia' e que as taxas não podem ser baixadas de forma artificia. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto Mateus Bonomi/Agif/Estadão Conteúdo O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira (12) que a curva futura de juros tem tido uma "queda relevante" no Brasil e indicou, sem especificar o momento, que isso abre espaço para corte na taxa básica Selic à frente. "A curva de juros futuros tem tido queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente", disse Campos Neto. Ele ressaltou, contudo, que o Banco Central precisa agir com "parcimônia" e que os juros não podem ser baixados de forma artificial, sob o risco de não se alcançar o resultado almejado. Os comentários do presidente do BC foram feitos em um evento do setor do varejo em São Paulo e aumentam as expectativas pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece na próxima semana. Os agentes do mercado também têm reduzido os prêmios embutidos na curva de juros brasileira, na esteira dos dados mais recentes de inflação e do otimismo em torno do andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso. Atualmente, a precificação na curva do mercado de juros futuros tem indicado que o BC deve começar a cortar a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, em agosto, em magnitude de 0,25 ponto percentual. Em sua fala, Campos Neto disse que o mercado tem reagido bem ao arcabouço fiscal do governo, com queda de juros futuros e câmbio "andando na direção certa". Ele também pontuou que o país provavelmente terá deflação em junho, mas depois o indicador de preços deve subir, fazendo com que a inflação fique entre 4,5% e 5% em 2023. "As inflações de mercado ainda estão acima da meta, mas estão caindo", afirmou. Ao mesmo tempo, Campos Neto voltou a afirmar que os núcleos de inflação, que desconsideram preços mais voláteis, no Brasil seguem elevados. Ao mostrar gráficos com dados de vários países, Campos Neto defendeu que os núcleos de inflação são a "parte mais preocupante" do atual cenário. "O núcleo de inflação subiu muito, mas está caindo muito lentamente, em especial na América Latina", disse o presidente do BC. "Vemos lugares onde temos inflação de núcleo rodando ainda muito alto, como Chile e Brasil", acrescentou. Campos Neto também citou o impulso dado pela pandemia de Covid-19 à inflação no setor de energia, em função do aumento da produção de bens. Segundo ele, neste aspecto o Brasil apresentou uma melhora por conta da incidência de chuvas. "Estamos com bandeira verde", lembrou, em referência ao sistema de bandeiras em vigor no Brasil, que encarece a energia em momentos de seca. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá na terça e quarta-feira da próxima semana, e a aposta predominante no mercado é de manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Crédito A uma plateia com alguns dos maiores empresários do varejo do país, Campos Neto também fez uma defesa do atual cenário de crédito. Segundo ele, "apesar de os juros no Brasil serem altos, a desaceleração de crédito é bem menor que no resto do mundo". O presidente do BC voltou a afirmar que a estimativa é de crescimento de 8% do crédito em 2023, após alta de 13,5% em 2022. "Em empresas, a desaceleração de crédito no Brasil está menor que em grande parte do mundo", disse aos empresários. Durante o evento, Campos Neto também foi questionado a respeito do custo para rolagem de dívidas hoje no país, visto por alguns participantes do evento como uma consequência do atual nível da Selic. Em resposta, Campos Neto argumentou que o corte da Selic sem que haja condições para isso pode ter efeitos negativos. "Se a Selic cai sem credibilidade, não vai diminuir o custo de rolagem de crédito de vocês (empresários), vai aumentar", afirmou. "Precisamos cair a Selic com credibilidade." Campos Neto disse ainda que estudos mostram que a inflação é mais negativa para o varejo do que a própria alta de juros. "Se juros é ruim para varejo, inflação é muito pior", disse. "Eu entendo insatisfação com juros, mas nosso mandato é fazer a inflação convergir", acrescentou. Para Campos Neto, cortar os juros de forma artificial não trará os resultados esperados. "Decisão de juros é de colegiado. O debate é bastante técnico", completou. Crescimento Campos Neto também pontuou que a expectativa de crescimento para a China, que era "muito alta", foi arrefecendo. No caso da zona do euro, ele pontuou que houve uma reprecificação recente em relação ao crescimento. "Os dados da economia americana têm saído bem mais fortes, principalmente na parte de empregos", acrescentou, lembrando ainda que, no caso do Brasil, as revisões têm sido no sentido de uma alta maior para o Produto Interno Bruto (PIB).